A menina tem medo, sente-se tantas vezes acoada, se saber o que fazer ou como reagir, e uma angústia imensa invade o seu peito. Talvez, ela já não seja mais capaz de perdoar e seja isso que a esteja destruindo por dentro. A cada dia que amanhece ela tem medo... tem medo de pensar em como as coisas chegarão ao final. Talvez, ela já nem devesse mais ter esperanças...
Todos os dias, ela espera por mudanças. Vive iludida que, em algum momento, um anjo cairá do céu e dirá a ela: "Acorde, acabou o pesadelo!".Talvez tudo não passe de um sonho... de um longo sonho! Mas se é somente sonho, então por que esta dor em seu peito insiste em acompnhá-la? Já não basta as diversas horas de sofrimento... ainda tem que carregá-la como se isso fizesse parte dela? Talvez, até faça... e ela é que esteja tentando fugir. Afinal, ela está viva e pode sonhar...
Sonhar, talvez, seja um dom. Uma virtude que Deus concede a todos, mas somente aqueles que precisam reconhecem o real valor. Sonhar traz um brilho diferente á vida, traz esperanças de um mundo perfeito, uma vida nova... sonhar nos traz a possibilidade de realizar até os nossos desejos mais íntimos, seja lá quais eles sejam... e isso é muito bom, traz tranquilidade, traz uma paz de espírito muito grande para o ser... mas, também, pode trazer desespero, desencanto e agonia... dependendo de como é encarada a realidade.
As coisas vivem mudando e o mundo não para de girar. Tudo acontece de uma maneira que ela não consegue acompanhar... ou, então, demora um tempo desnecessariamente grande para passar. Talvez ela já não seja mais capaz de esquecer com tanta facilidade como antes, o que já aconteceu. Talvez ela apenas fique quieta para simplesmente guardar a lembrança para ela, como um pequeno segredo que se junta aos demais.
Mas ela tem medo... tem medo de que um dia haja uma acúmulo muito grande desses "segredos" e que toda a sua vida desmorone... e não haja ninguém por perto para ouví-la ou para lher dar o abraço que ela tanto irá precisar. A menina tem medo... tem medo de ficar sozinha... sozinha e apenas com as suas lembranças.
